quarta-feira, 22 de junho de 2011

Prumo

Eu descia as escadarias do beco Catarina Mina enquanto observava longe um dos blocos de paralelepípedo - como tantos outros sucumbidos ao descaso ludovicense - solto e separado de todo contexto de pedras. Naquele momento me atentei de que também eu era uma parte desgarrada da cidade, ou a cidade desgarrada de mim.
Era eu que fugia e seguia o prumo da proa em prol de novo cenário. O meu cenário, se desgarrava também de mim.

Lembrei das toadas de Coxinho, do tambor de Filipe, das rodadas da saia de Dona Roxa, da voz envelhecida de Teté, da cerveja gelada e barata de Dona Lulu, do pôr-do-sol no alto do coreto, da barquinha velha cheia de cofo indo pra Alcântara, das festas no casarão do Laborarte, do gingado do boizinho sobre o seu fiel miolo, da cortina de fumaça dos amigos, do cheiro do couro esquentando na fogueira, da clareira melancólica da João Lisboa, do maracatu rasgando o silêncio e descendo elétrico a Rua do Giz, da zabumbada de Leonardo em tempos de São João, do sobe e desce na capela de São Pedro todo dia 29 de junho, da cachaça da feira da Praia Grande, de Zumbi, de Cazumbá, de São Luís, do meu encantado Maranhão!

Maranhão sou eu. Maranhão sou eu.

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