quarta-feira, 15 de agosto de 2012

quatro e trinta e sete

4:37. Marca o pulsar dos movimentos ligeiros de meu punho. Insone. É hora de vomitar essa angústia. Filtrar. Expurgar a ânsia.
Enquanto o peito acelera e descompassa o batimento incerto e assustado, em minha mente ecoa, em movimentos espiralados ininterruptos, pequenos fragmentos de Drummond latejando insistentemente:

``Meu Deus, porque me abandonastes,
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco``

Um amontoado de fraqueza é o principal elemento a constituir minha insanidade pérfida. Um colapso do que eu sou mergulhado no meu caos inenarrável.

``Mundo mundo, vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo, vasto mundo
mais vasto é o meu coração``

Eu sou hoje o que me tornei. O que fui já expirou, em validade efêmera.
Anseio tornar a ser gigante, ter o corpo incoerente à dimensão do que sou. Imponente!

Houve um ponto da jornada, a qual não me recordo, em que fui esquartejando meus sonhos por vias de lâminas de covardia, sucumbindo às aspas de minha vastidão, outrora tão intensa.
O medo de perder só me impediu de ganhar. E, tentando crescer, me vi diminuindo irresoluta.

Agora, posta em letras enleadas e lágrimas, penso em minhas fraquezas explícitas e minha insegurança sobre-humana, inerentes à minha sensibilidade manifesta...

O som é a saída. É o inefável. É o melhor que pareço ter, a cada mínima definição do que eu possa ser.

Amanheceu, tudo claro lá fora. Eu aqui permaneço escura em mim.

Repetir os movimentos, buscar ânimo para fingir leveza. Eis mais um dia a viver!


domingo, 12 de agosto de 2012

Nada anestesia tanto quanto ondas de sons propagadas métricas em notas menores, quando é o peito um esmagado de saudade.  
Um quase ópio é o som que inanima. 
Uma quase morte é a falta de quem se ama.