segunda-feira, 7 de novembro de 2011

enquanto sinto...

"Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando aquele outro decantado
Surdo à minha humana lagradura
Visgo e suor, pois nunca se faziam
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás!
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia um jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada."

Hilda Hilst, Do desejo

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