domingo, 4 de maio de 2014

Domingo

Domingo: Flamengo em campo. 4x2.
Ouço gritos alvoroçados do coro dos vibrantes. Ouço uma angústia tumultuar-se em mim enquanto me esgueiro entre dores para respirar.
Corro, sem sair do lugar. Ninguém me nota, tampouco supõem-se a acidez que sufoca.
Deveras, o amor é também um domingo tal e qual descrevo; equilibra-se ébrio entre alegrias e dores, vibração e alívio. Dura um tempo imensurável até que perece flácido e faminto.

O amor não é o amarelo do Gauguin, nem a prosa do Drummond. Por vezes finge ser a pentatônica do Brubeck. Não! O amor é um discurso medíocre e falacioso.
O amor é a transposição metafísica da dor pra dentro de quem ama.
O amor é volátil em pessoas volúveis, porém, mais lentamente esvazia-se enquanto seca os que amam de verdade. 
A princípio, o amor é uma mentira bem contada.
Fuja! Fuja também dos poetas, falsos arautos!
Fuja quando diz o Pessoa que não existe razão senão amar. Apenas fuja!

Contudo, eu não fujo. Tão logo ele bate à porta, colorido e intenso como um sábado de sol.





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